quinta-feira, 26 de abril de 2012

Cinzas, sangue e o sapatinho de cristal..




Cinderela foi feita de criada pela madrasta malvada e as duas filhas fizeram que não deixaram ela ir a um baile pois tinha de limpar a casa e não tinha roupa para usar na festa. A fada madrinha apareceu e limpou a casa e deu um vestido lindo para Cinderela. O príncipe se apaixonou por Cinderela e, na volta para casa, ela deixou cair na escada seu sapatinho de cristal. O príncipe ordenou que todas as moças do reino experimentassem o sapato. Cinderela experimentou e o sapato serviu. A jovem e o príncipe se casaram e viveram felizes para sempre.


Você realmente acha que essa é a verdadeira História da Cinderela? 
A história real foi escrita pelos irmãos Grimm que criaram também a verdadeira história da Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, João e Maria, Rapunzel, A Bela Adormecida, entre outros contos popularem, todos ele não são histórias aconselhadas para crianças, não mesmo. Essas histórias foram adaptadas para ser contadas para as crianças, fazendo as originais serem esquecidas.



Há muito tempo, aconteceu que a esposa de um rico comerciante adoeceu gravemente e sentindo seu fim se aproximar chamou sua única filha e disse:

- Querida filha, continue piedosa e boa menina que Deus a protegerá sempre. Lá do céu olharei por você e estarei sempre a seu lado. Mal acabou de dizer isso, fechou os olhos e morreu.

A jovem ia todos os dias no túmulo da mãe, sempre chorando muito. Veio o inverno, e a neve cobriu o túmulo com seu alvo manto.
Chegou a primavera e o sol derreteu a neve. Foi então que o viúvo resolveu se casar outra vez. A nova esposa trouxe suas duas filhas, ambas bonitas, mas só exteriormente. As duas tinham a alma feia e cruel. A partir desse momento dias difíceis começaram para a pobre enteada.

- Essa imbecil não vai ficar no quarto conosco! - Reclamaram as moças. O lugar dela é na cozinha! Se quiser comer pão, que trabalhe!

Tiraram-lhe o vestido bonito que ela usava, obrigaram-na a vestir outro, velho e desbotado e a calçar tamancos.

- Vejam só como está toda enfeitada a orgulhosa princesinha de antes! - disseram a rir levando-a para a cozinha.

A partir de então, ela foi obrigada a trabalhar, da manhã à noite, nos serviços mais pesados. Tinha que se levantar de madrugada para ir buscar água e acender o fogo. Só ela cozinhava e lavava os pratos para todos.
Como se tudo isso não bastasse, as irmãs caçoavam dela e a humilhavam. Espalhavam lentilhas e feijões nas cinzas do fogão e obrigavam-na a catar um a um. À noite, exausta de tanto trabalhar, a jovem não tinha onde dormir e era obrigada a se deitar nas cinzas do fogão. E como andasse sempre suja e cheia de cinza só a chamavam de Cinderela.
Uma vez, o pai resolveu ir a uma feira. Antes de sair, perguntou às enteadas o que desejavam que ele trouxesse.

- Vestidos bonitos, disse uma.

- Pérolas e pedras preciosas, disse a outra.

- E você, Cinderela, o que vai querer? - perguntou o pai.

- No caminho de volta, pai, quebre o primeiro ramo que bater no seu chapéu e traga-o para mim.

Ele partiu para a feira, comprou vestidos bonitos para uma das enteadas, pérolas e pedras preciosas para a outra e, de volta para casa, quando cavalgava por um bosque, um ramo de aveleira bateu no seu chapéu. Ele quebrou o ramo e levou-o. Chegando em casa, deu às enteadas o que haviam pedido e à Cinderela, o ramo de aveleira.
Ela agradeceu, levou o ramo para o túmulo da mãe, plantou-o ali, e chorou tanto que suas lágrimas regaram o ramo. Ele cresceu e se tornou uma aveleira linda.
Três vezes, todos os dias, a menina ia chorar e rezar embaixo dela. Sempre que a via chegar, um passarinho branco voava para a árvore e, se a ouvia pedir baixinho alguma coisa, jogava-lhe o que ela havia pedido.
Um dia, o rei mandou anunciar uma festa, que duraria três dias. Todas as jovens bonitas do reino seriam convidadas, pois o filho dele queria escolher entre elas aquela que seria sua futura esposa. e quando souberam que também deveriam comparecer, as duas filhas da madrasta ficaram contentíssimas.


- Cinderela! Venha pentear nosso cabelo, escovar nossos sapatos e nos ajudar a vestir, pois vamos a uma festa no castelo do rei!

Cinderela obedeceu chorando, porque ela também queria ir ao baile. Perguntou à madrasta se poderia ir, e esta respondeu:

- Você Cinderela! Suja e cheia de pó está querendo ir à festa? Como vai dançar se não tem roupa nem sapatos?

Mas Cinderela insistiu tanto que afinal ela disse:

- Está bem. Eu despejei nas cinzas do fogão um tacho cheio de lentilhas. Se você conseguir catá-las todas em duas horas, poderá ir.

A jovem saiu pela porta dos fundos, correu para o quintal e chamou:

- Mansas pombinhas e rolinhas... Passarinhos do céu inteiro, venha me ajudar a catar lentilhas! As boas vão para o tacho, as ruins para o seu papo!

Logo entraram pela janela da cozinha duas pombas brancas; a seguir, vieram ás rolinhas e, por último, todos os passarinhos do céu chegaram numa revoada e pousaram nas cinzas. As pombas abaixavam a cabecinha e apanhavam os grãos bons e deixavam cair no tacho. As outras avezinhas faziam o mesmo. Não levou nem uma hora, o tacho ficou cheio e as aves todas voaram para fora.
Cheia de alegria, a menina pegou o tacho e levou para a madrasta, certa de que agora poderia ir à festa. Porém a madrasta disse:

- Não, Cinderela. Você não tem roupa e não sabe dançar. Só serviria de caçoada para os outros.

Como a menina começou a chorar, ela propôs:

- Se você conseguir catar dois tachos de lentilhas nas cinzas em uma hora poderá ir conosco, enquanto pensava consigo mesma:

“Isso ela não vai conseguir”.

Assim que a madrasta acabou de espalhar os grãos nas cinzas, Cinderela correu para o quintal e chamou:

- Mansas pombinhas e rolinhas... Passarinhos do céu inteiro, venha me ajudar a catar lentilhas! As boas vão para o tacho, as ruins para o seu papo!

E entraram pela janela da cozinha duas pombas brancas; a seguir vieram as rolinhas e, por último, todos os passarinhos do céu chegaram numa revoada e pousaram nas cinzas.
As pombas abaixavam a cabecinha e apanhavam os grãos bons e deixavam cair no tacho. Os outros pássaros faziam o mesmo. Não passou nem meia hora, e os dois tachos ficaram cheios. As aves se foram voando pela janela.
Então, a menina levou os dois tachos para a madrasta, certa de que, desta vez, poderia ir à festa, porém, a madrasta disse:

- Não adianta Cinderela! Você não vai ao baile! Não tem vestido, não sabe dançar e só nos faria passar vergonha!

E, dando-lhe as costas, partiu com suas orgulhosas filhas. Quando ficou sozinha, Cinderela foi ao túmulo da mãe e embaixo da aveleira disse:                                                                                                                            - Balance e se agite árvore adorada, cubra-me toda de ouro e prata!

Então um pássaro branco jogou para ela um vestido de ouro e prata e sapatos de seda bordados também de prata. Cinderela se vestiu a toda pressa e foi para a festa. Estava tão linda, no seu vestido dourado que nem as irmãs nem a madrasta a reconheceram. Pensaram que fosse uma princesa estrangeira. Para elas Cinderela só poderia estar em casa catando lentilhas nas cinzas.
Logo que a viu, o príncipe veio a seu encontro e, pegando-lhe a mão, levou-a para dançar. Só dançou com ela, sem largar de sua mão por um instante. Quando alguém a convidava para dançar, ele dizia:

- Ela é minha dama.

Dançaram até altas horas da noite e até que Cinderela quis voltar para casa.

- Eu a acompanho, disse o príncipe.

Na verdade ele queria saber a que família ela pertencia, mas Cinderela conseguiu escapar dele, correu para casa e se escondeu no pombal. O príncipe esperou o pai dela e contou-lhe que a jovem desconhecida tinha saltado para dentro do pombal.

“Deve ser Cinderela…”, pensou o pai. E mandou vir um machado para arrombar a porta do pombal, mas não havia ninguém lá dentro. Quando chegaram a casa encontraram Cinderela com suas roupas sujas, dormindo nas cinzas à luz mortiça de uma lamparina.
A verdade é que, assim que entrou no pombal, a menina saiu pelo lado de trás e correu para a aveleira. Ali, rapidamente tirou seu belo vestido e deixou-o sobre o túmulo. Veio o passarinho, apanhou o vestido e levou-o. Ela vestiu novamente seu vestidinho velho e sujo, correu para casa e se deitou nas cinzas da cozinha.
No dia seguinte, o segundo dia da festa, quando os pais e as irmãs partiram para o castelo, Cinderela foi até a aveleira e disse:

- Balance e se agite árvore adorada, cubra-me toda de ouro e prata!

E o pássaro atirou para ela um vestido ainda mais bonito que o da véspera. Quando ela entrou no salão, assim vestida, todos ficaram pasmados com sua beleza.
O príncipe, que a esperava, tomou-lhe a mão e só dançou com ela. Quando alguém convidava a jovem para dançar, ele dizia:

- Ela é minha dama.

Já era noite avançada quando Cinderela quis ir embora e o príncipe seguiu-a para ver em que casa entraria. A jovem seguiu seu caminho e inesperadamente entrou no quintal atrás da casa. Ágil como um esquilo subiu pelos falhos de uma frondosa pereira carregada de frutos que havia ali. O príncipe não conseguiu descobri-la e quando viu o pai dela chegar, disse:

- A moça desconhecida escondeu-se nessa pereira.

“Deve ser Cinderela”, pensou o pai. Mandou buscar um machado e derrubou a pereira, mas não encontraram ninguém. Como na véspera Cinderela já estava na cozinha dormindo nas cinzas, pois havia escorregado pelo outro lado da pereira, correra para a aveleira e devolvera o lindo vestido ao pássaro. Depois, vestiu o feio vestidinho de sempre, e correu para casa.
No terceiro dia, assim que os pais e as irmãs saíram para a festa Cinderela foi até o túmulo da mãe e pediu à aveleira:

- Balance e se agite árvore adorada, cubra-me toda de ouro e prata!

E o pássaro atirou-lhe o vestido mais suntuoso e brilhante jamais visto, acompanhado de um par de sapatinhos de cristal. Ela estava tão linda, tão linda que quando chegou ao castelo todos emudeceram de assombro. O príncipe só dançou com ela e como das outras vezes dizia a todos que vinham tirá-la para dançar:

- Ela é minha dama.

Já era noite alta quando Cinderela quis voltar para casa. O príncipe tentou segui-la, mas ela escapuliu tão depressa que ele não pode alcançá-la. Dessa vez, porém, o príncipe usou um estratagema: untou com piche um degrau da escada e quando a moça passou o sapato do pé esquerdo ficou grudado. Ela deixou-o ali e continuou correndo. O príncipe pegou o sapatinho: era pequenino, gracioso e todo de cristal.
No outro dia, de manhã, ele procurou o pai e disse:

- Só me casarei com a dona do pé que couber neste sapato.

As irmãs de Cinderela ficaram felizes e esperançosas quando souberam disso, pois tinham pés delicados e bonitos. Quando o príncipe chegou à casa delas a mais velha foi para o quarto acompanhada da mãe e experimentou o sapato, mas por mais que se esforçasse não conseguia meter dentro dele o dedo grande do pé. Então a mãe deu-lhe uma faca, dizendo:

- Corte fora o dedo. Quando você for rainha, vai andar muito pouco a pé.

Assim fez a moça. O pé entrou no sapato e disfarçando a dor ela foi ao encontro do príncipe. Ele recebeu-a como sua noiva e levou-a na garupa do seu cavalo. Quando passavam pelo túmulo da mãe de Cinderela, duas pombas pousaram na aveleira e cantaram:

- Olhe para trás! Olhe para trás! Há sangue no sapato que é pequeno demais! Não é a noiva certa que vai sentada atrás!

O príncipe virou-se, olhou o pé da moça e logo viu o sangue escorrendo do sapato. Fez o cavalo voltar e levou-a para a casa dela. Chegando lá, ordenou à outra filha da madrasta que calçasse o sapato. Ela foi para o quarto e calçou-o. Os dedos do pé entraram facilmente, mas o calcanhar era grande demais e ficou de fora. Então, a mãe deu-lhe uma faca dizendo:

- Corte fora um pedaço do calcanhar. Quando você for rainha, vai andar muito pouco a pé.

Assim fez a moça. O pé entrou no sapato e, disfarçando a dor, ela foi ao encontro do príncipe. Ele aceitou-a como sua noiva e levou-a na garupa do seu cavalo. Quando passavam pela aveleira duas pombinhas pousaram num dos ramos e cantaram:

- Olhe para trás! Olhe para trás! Há sangue no sapato que é pequeno demais! Não é a noiva certa que vai sentada atrás!

O príncipe olhou o pé da moça, viu o sangue escorrendo e que a meia branca estava vermelha de sangue. Então virou seu cavalo, levou a falsa noiva de volta para casa e disse ao pai:

- Esta também não é a verdadeira noiva. Vocês não têm outra filha?

- Não!- respondeu o pai. A não ser a pequena Cinderela, filha de minha falecida esposa, mas é impossível que seja ela a noiva que procura.

O príncipe ordenou que fosse buscá-la.

- Oh, não! Ela está sempre muito suja! Seria uma afronta trazê-la a vossa presença, protestou a madrasta.

Porém o príncipe insistiu, exigindo que ela fosse chamada. Depois de lavar o rosto e as mãos ela veio, curvou-se diante do príncipe e pegou o sapato de ouro que ele lhe estendeu. Sentou-se num banquinho, tirou do pé o pesado tamanco e calçou o sapato, que lhe serviu como uma luva. Quando ela se levantou o príncipe viu seu rosto e reconheceu logo a linda jovem com quem havia dançado.

- É esta a noiva verdadeira! - exclamou feliz.

A madrasta e as filhas levaram um susto e ficaram brancas de raiva. O príncipe ergueu Cinderela, colocou-a na garupa do seu cavalo e partiram. Quando passaram pela aveleira, as duas pombinhas brancas cantaram:
- Olhe pare trás! Olhe pare trás, não há sangue no sapato que serviu bem demais! Essa é a noiva certa. Pode ir em paz!

E quando acabaram de cantar elas voaram e pousaram, uma no ombro direito de Cinderela a outra no esquerdo, ali ficando.
Quando o casamento de Cinderela com o príncipe se realizou, as falsas irmãs foram à festa. A mais velha ficou à direita do altar, e a mais nova, à esquerda. Subitamente, sem que ninguém pudesse impedir a pomba pousada no ombro direito da noiva voou para cima da irmã mais velha e furou-lhe os olhos. A pomba do ombro esquerdo fez o mesmo com a mais nova, e ambas ficaram cegas para o resto de suas vidas.  



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